segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bactérias com mais mobilidade são menos infeciosas


As bactérias com maior mobilidade e que se multiplicam mais rapidamente são menos infeciosas do que as capazes de invadir e/ou destruir células do sistema imunitário, segundo um estudo hoje divulgado.

O estudo foi elaborado por dois grupos de investigação, do Instituto Pasteur (França) e do Instituto Gulbenkian de Ciência e Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e dos quais fazem parte os investigadores portugueses João Gama, Eduardo Rocha, do Instituto Pasteur, e Francisco Dionísio, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Instituto Gulbenkian de Ciência.

Em declarações à agência Lusa, Francisco Dionísio explicou que com este estudo concluíram que as bactérias «com maior mobilidade, que se multiplicam mais rapidamente e que comunicam umas com as outras são menos infeciosas do que as que são capazes de invadir e/ou destruir células do sistema imunitário do hospedeiro».

«Porque as bactérias com mais mobilidade precisam de maior número de bactérias para atingir o sistema imunitário, ou seja, só causam infeções quando reúnem elevados níveis de células bacterianas», frisou.

Como exemplo, o investigador citou o caso da «mycobacterium tuberculosis que, para causar tuberculose precisa apenas de 10 bactérias, enquanto são necessárias dezenas de milhões de células de vibrio cholera para causar cólera num hospedeiro».

Os resultados do estudo, realizado em dois anos e meio e que abrangeu 48 espécies de bactérias patogénicas ¿ algumas de várias estirpes da mesma espécie ¿ «têm implicações em saúde pública, já que ajudam a identificar padrões atuais na capacidade de infeção das bactérias, e contribuem para prever a evolução da capacidade de as bactérias provocarem infeção no futuro», acrescentou Francisco Dionísio.

Sublinhou que o estudo permitiu concluir que as bactérias que têm uma dose infeciosa baixa são as que conseguem invadir e destruir o sistema imunitário «porque penetram nas células do sistema imunitário».

Estes resultados são ainda importantes no contexto de guerra biológica, explicou o investigador.

«É o caso do antrax que necessita de cerca de 10.000 células, o que é pouquíssimo, porque representa menos de um miligrama de pó», explicou.

A Salmonela e meningite bacteriana tal como tuberculose e antrax são outras das bactérias que necessitam de baixos níveis de bactérias para causar infeção enquanto a pseudomonas precisa de um elevadíssimo número de bactérias para causar infeção, explicou o investigador.

Este estudo foi publicado na última edição da revista PLoS Pathogens, uma revista norte-americana científica on-line de acesso gratuito.

Reflexão: Com esta notícia damos a conhecer que também temos talento em Portugal.

Publicado por Flávia, Margarida e Rui com a ajuda do seguinte site iol.pt

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